Em 1578, D. Sebastião animado pela sua campanha de Tanger (1574) decide
dar resposta aos apelos das Cortes para travar a dominância do Império
Otomano no Norte de África e assim defender as nossas Praças comerciais.
Ouve muitas vozes contra a campanha de D. Sebastião.
Em 1974, o
Estado Novo mantinha há mais de dez anos uma campanha militar em África,
para travar a influência do Império Soviético nos territórios
ultramarinos portugueses. Havia também vozes de protesto contra a
determinação nacional em defender os seus interesses e contra a sua
opção estratégica ocidental, no quadro da guerra fria.
D. Sebastião
morre em Alcácer Quibir, morrem muitos nobres que constituíam a nata do
nosso exército e ficamos depauperados com os resgates que tivemos de
pagar pelos sobreviventes.
Em 1975, Portugal entrega os seus
territórios ultramarinos às forças de influência soviéticas e o nosso
exército sofre uma derrota política humilhante, que coloca as chefias na
prateleira. Também ficamos depauperados pela necessidade de receber
(mesmo sem dignidade) os nossos compatriotas retornados.
Ter
participado na derrota de Alcácer Quibir foi humilhante para os que
voltaram, como foi humilhante para os retornados a forma como tiveram de
fugir e ser recebidos no continente.
Em 1580 com um Cardeal Rei
moribundo e hesitante, estávamos sem norte, sem dinheiro e sem desígnio.
O nosso Império era cobiçado.
Em 1975, o General Spínola, rotulado
de traidor e hesitante, estávamos sem norte, sem dinheiro e sem
desígnio. O nosso Império tinha terminado.
Cristovão de Moura foi a
personalidade política que ao serviço de Filipe II, conseguiu comprar e
impor um novo sonho, numa elite desorientada, através da ilusão de
passarmos a pertencer ao Império dos Habsburgos.
Mario Soares, ao
serviço da Internacional Socialista, consegue o mesmo, através do sonho
europeu e transforma-se no político eminente do Portugal pós
revolucionário em 1975.
Em 1580, passamos a pertencer ao Império europeu dos Habsburgos.
Em 1985 passamos a pertencer á Comunidade Económica Europeia.
O
populismo nacionalista de António Prior do Crato foi derrotado pela
intriga religiosa católica, que o conotou com os inimigos anglicanos
seus apoiantes. Os seus “amigos” não o acompanharam quando desembarcou
em Peniche, para cercar Lisboa, onde teria apoio de uma armada britânica
comandada por Drake.
O populismo de Sá Carneiro, resistiu às
tentativas maçónicas de conotação e rotulagens diversas, mas não
resistiu ao assassinato.
Duas formas, muito comuns na história de
Portugal de travar as popularidades e as suas dinâmicas, quando não
seguem os ventos dos interesses dos dominantes europeus.
As promessas
de Filipe II feitas nas Cortes de Tomar, foram sendo esquecidas nos
reinados seguintes e as vantagens oferecidas aos nobres portugueses,
transformaram-se em obrigações de sacrifício. A ilusão europeia de
passar a pertencer a um grande e rico Império familiar, que silenciou o
povo apesar da sua descrença, também passou a pesadelo através das
exigências de progressivos aumentos do pagamento de impostos para a
preservação da luxúria e do poder.
As promessas dos Fundos
Estruturais e as ilusões de pertencermos a uma sociedade rica e de
bem-estar, também começaram progressivamente a desvanecer-se, quando a
União Europeia nos passou a exigir comedimento perante os nossos
excessos de despesismo e desbarato dos dinheiros públicos.
Portugal
europeu do início do século XV, passou a ser um contribuinte líquido do
Império dos Habsburgos. Portugal europeu do início do século XXI, também
passou a contribuinte líquido. Há 400 anos ainda foi preservada a nossa
moeda, hoje já não temos esse instrumento de soberania política.
O
aumento dos impostos, estiveram na origem da revolta do Manuelinho ou
Alterações de Évora de 1637, que se expandiram por todo o país e são o
rastilho que levou à Restauração de 1640. Foi o grito de “Basta” do
povo, que nunca sentira vontade, nem afinidade perante uma dinâmica que o
empobrecia. Os Nobres agora obrigados a servir nos exércitos dos
Habsburgos e perante o evidente desmoronamento do seu Império, sentiram
que havia chegada a hora de restabelecer a independência.
O actual
desmesurado aumento da carga fiscal está a destruir também agora, toda
uma classe média, que é o suporte da nossa sociedade. Sectores
empresariais foram sacrificados pela política europeia…a Agricultura, as
Pescas, a Construção Naval, o pequeno Comercio, a pequena Industria,
numa dinâmica profundamente errada que partia da premissa de que
pertencíamos a uma União Política, que nos forneceria todas as nossas
necessidades e nos poderia dispensar desse trabalho produtivo.
A crise Europeia anuncia o desmoronamento do seu projecto Federalista.
A
tomada de consciência popular sobre as consequências da perda de
soberania nacional está a começar a generalizar-se …. as “Alterações”,
poderão surgir quando também se começar a entender que temos mais
afinidades culturais e afectivas na América do Sul, em África e até na
Ásia, do que na Europa a que afinal nunca pertencemos por vontade
própria.
Nunca poderemos mudar a nossa situação geográfica
privilegiada de porta de entrada e saída da Europa, por isso nunca
poderemos abdicar de compromissos com os seus povos e as suas Nações,
mas isso não pode levar a que esqueçamos as nossas afinidades naturais,
históricas e afectivas e a desperdiçar as oportunidades de riqueza que
no futuro isso nos poderá proporcionar.
O domínio Filipino levou a
perda de muito património ultramarino nacional…ficou porém o suficiente
para preservarmos uma Nação e até para usufruir de momentos de riqueza.
A
descolonização não apagou a viabilidade de uma nova forma de
recuperação do nosso protagonismo em associação com os países de língua e
cultura lusófona.
É que hoje o domínio administrativo sobre os
territórios não é determinante para a obtenção de riqueza nacional…bem
mais importante será a afinidade cultural/afectiva e a nossa capacidade
de a usar.
Será que a história se vai repetir?
Viva Portugal independente e soberano.
José J. Lima Monteiro Andrade
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